Tanto as empresas sociais como as tradicionais organizações sem fins lucrativos (nonprofit) procuram gerar impacto social. No entanto, ao contrário das organizações sem fins lucrativos, as empresas sociais possuem uma preocupação de sustentabilidade. Por isso, atuam com um modelo de negócio que lhe permita ser sustentável e simultaneamente gerar impacto social. Para uma empresa social a viabilidade económica e a preocupação social e ambiental possuem a mesma importância.
Existem cada vez mais bons exemplos de empresas sociais e de impacto, assim como associações que inicialmente surgiram somente para criar impacto. Mas atualmente começam agora a introduzir modelos de negócios sociais nos seus modelos de ação, tornando-se assim parte integrante dos negócios de impacto.
De uma forma prática pode-se afirmar que uma empresa social atua como um negócio. Ou seja, orienta-se pela lei da oferta e da procura e dedica-se a conhecer ao seu público, oportunidades e riscos. Usa os mesmos mecanismos de mercado para alcançar os seus objetivos sociais.
Desta forma, tal como uma empresa tradicional, uma empresa social deverá gerar as suas próprias receitas a partir da venda de produtos/serviços. Neste caso, serão produtos/ serviços relacionados com a educação, saúde, tecnologia, nutrição, etc.. Contudo, a razão de existir uma empresa social está exclusivamente ligada a uma causa social ou ambiental. As empresas sociais evidenciam que não existe conflito entre ambição social e económica.
As empresas sociais, sendo negócios de impacto, procuram ser capazes de ser sustentáveis financeiramente. Procuram não serem dependentes de doações ou captação de recursos para as suas ações. Além disso, devem possuir um plano de gestão inovador e comprometido com a transformação social.
De acordo com o Dinheiro Vivo o financiamento de impacto social já vale 163 milhões no país e “Esta economia vai à raiz do problema em vez de atirar dinheiro e tentar resolvê-lo. Não andamos sempre a apagar fogos. É como a diferença entre tratar e curar o problema”, descreve Pedro Oliveira, professor que lidera a cátedra de economia de impacto da Fundação Calouste Gulbenkian.
Pode-se considerar as empresas sociais como uma inovação social, visto que atenua as diferenças entre os sectores privado, público e sem fins lucrativos. As empresas sociais ganham cada vez mais relevância ao nível de políticas europeias. Também o governo português tem feito esforços no sentido de apoiar a criação deste tipo de empresas.
Damos aqui alguns exemplos para que este tema de empresa social seja mais fácil de compreender para evidenciar a importância dos negócios de impacto.
A Just a Change é um dos bons exemplos. Trata-se de uma Associação sem Fins Lucrativos que reconstrói casas de pessoas carenciadas em Portugal, inclusive em Óbidos. Até hoje já reconstruiu centenas de casas e mobilizou milhares de voluntários. O seu impacto tem-se verificado ao nível da Saúde e Auto-estima // Segurança e Protecção // Conforto e Bem-estar // Inclusão e Cidadania // Formação e Empregabilidade e têm sido notável na vida dos seus beneficiários.
Partilhamos também o trabalho desenvolvido pela Reshape Ceramics. Gera um impacto positivo na vida da comunidade prisional, criando melhores e iguais oportunidades para uma integração digna e bem sucedida na sociedade. 7 em cada 10 pessoas que saem da prisão voltam a cometer crimes. Criam peças de cerâmica únicas e artesanais, por atuais e antigas pessoas da comunidade prisional. E todos os lucros das vendas são reinvestidos novamente na organização para aumentar o número de vidas impactadas.
Também o Movimento Transformers é um excelente exemplo. Pretendem aumentar o envolvimento das pessoas nas suas comunidades através daquilo que mais gostam de fazer. Criaram um ciclo de aprendizagem sobre a participação cívica e social dos 0 aos 120 anos. Trabalham com jovens em idades escolares e mais recentemente com seniores, um pouco por todo o país. Já conta com mais de 6.500 Transformers, 150 Comunidades, e o seu impacto contribuiu em 44.3% de diminuição da taxa de retenção escolar dos aprendizes e para que 97% dos seus mentores continuassem a fazer voluntariado.
A Óbidos Hub pretende também ser um desses bons exemplos em Portugal. Trata-se de uma associação sem fins lucrativos, criada em abril de 2021. É um espaço de inovação social que pretende criar sinergias de impacto através da interação entre jovens, associações e empresas. Junta-te a nós.